Eu e a Escrita

Como as letras se transformam em histórias

Hoje está um dia de dupla face: soalheiro e chuvoso. Aproveitei esta manhã de Domingo, apesar da bipolaridade do clima, para vir escrever para o café, com um propósito bem definido: apresentar o meu processo criativo, de como as letras se transformam em histórias, para o meu novo website.

O tempo que faz hoje pode, metaforicamente, traduzir bem, o que é o processo criativo e mecânico da escrita de um livro, de um conto, ou de uma história autobiográfica. Tal como todos os que se dedicam à escrita, também eu deslizo entre momentos de inspiração e de não inspiração; aliás, não podemos esperar outra coisa da vida, porque esta é como o clima: ora chove, ora faz sol. É no meio destes dois cenários, e tendo em conta a temperatura do ar, que tanto pode subir como descer, que alcançamos algo, de muito difícil, mas muito importante para continuar a escrever: a disciplina e a resiliência. Sem estes dois elementos, não é possível criar um processo de escrita, com continuidade, ao longo do tempo. Se estivermos à espera de ser agraciados pela divina inspiração, o mais provável, é que jamais nos tornemos num escritor/a.

A introdução a este meu texto, serve desde já, para desconstruir e desmistificar o papel da inspiração na vida de um autor, que apesar da sua inegável relevância, deve ser relativizada pelo simples facto, de que somos todos seres humanos. É na nossa própria existência humana, que residem as nossas maiores fragilidades e a escrita é, por esta via, uma missão que exige um compromisso com os outros.

Levo bastante a sério a tarefa, de escrever sobre os sentimentos humanos. E talvez por me ter dedicado à investigação, numa vida diferente desta, tenho sempre a necessidade de fazer alguma pesquisa, sobre os temas que escrevo. Por causa disso, os meus textos têm, muitas vezes, um contexto histórico que exige que eu me desloque à biblioteca mais perto, ou que me coloca a ler outros livros, técnicos e de ficção, jornais e revistas, que me possam abrir o horizonte, para os temas que me interessam explorar na escrita.

Enquanto escrevia “Hipnose, o Regresso ao Passado”, foi isso que sucedeu. Em português, comecei pelo livro “Mude a sua vida com a auto-hipnose”, de Miguel Coco e li passagens de vários outros textos, também sobre hipnose, em diversas bibliotecas. Assisti a alguns vídeos sobre o tema, e a partir daqui, a minha imaginação começou a fluir naturalmente.

O objetivo desta investigação, ao contrário daquela que eu fazia para o Direito, é tudo menos incorporar todos os dados, numa história. De uma forma inconsciente, aquilo que lemos fica gravado na nossa mente e é, através destas ideias, que acabamos por chegar ao “produto final”.

No entanto, tendo um trabalho desde há onze anos, de oito horas diárias, e tendo que lidar com os ajustes que, a nível laboral, tiveram que ser implementados com a Pandemia, a verdade é que demorou muito tempo, até que “Hipnose, o Regresso ao Passado”, estivesse disponível aos leitores, tanto em inglês, como em português. Para todos aqueles que não podem, definitivamente, dedicar-se em tempo integral à escrita, penso que compreendem bem, a dificuldade na articulação destes dois papéis: um mais mecânico, que nos garante o rendimento ao final do mês, e o outro, de purificação e evolução da alma. Chama-se a isto, simplesmente “Arte”.

Além disso, todos nós, sem exceção, sentimos bem o peso da vida, e a passagem dos anos o que significa que, sem disciplina e resiliência (e claro, uma boa dose de paixão!), será difícil dedicarmo-nos à escrita, ou a outra forma de arte. É precisamente esta persistência que, a partir de um certo momento, se torna crucial se pretendemos continuar neste caminho.

Assim, o meu processo criativo começa desde logo, com a noção de que cada novo dia, é uma nova oportunidade e que, por muito que a Pandemia, os medos de perder o posto de trabalho e o cansaço me tragam desesperança, há sempre um novo dia por vir.

Continuar a ler, sendo uma leitora assídua, é também uma forma de me “refrescar”, e de manter acesa, esta paixão pelos livros. Estar rodeada deles, também é uma boa maneira para me inspirar, e uma caminhada na natureza, um passeio ou uma viagem, abre-me os horizontes para novas histórias. Também gosto de estar sentada no café ao Domingo e observar os comportamentos das pessoas, porque se descobrem pormenores incríveis acerca da natureza humana. Apetece-me então, escrever sobre eles, enquanto penso, que enredo irei criar, para os colocar em evidência.

A ideia de que o nosso livro pode mudar a vida de alguém, para melhor, é a ambição e o sonho de qualquer escritor. Como a nossa História bem mostra, o que move este mundo são as ideias e a imaginação; são esses elementos abstratos, etéreos e imateriais, que ninguém pode ver ou mexer, que estão na base da nossa estrutura civilizacional.

Assim, se qualquer uma destas palavras, der alento ou esperança a alguém, então já terei sido bem sucedida. Às vezes, apenas temos que demonstrar através da escrita, o que não é muito óbvio: a escrita traz essa clareza e lucidez, quando tudo é demasiado confuso. É, sem dúvida, como uma espécie de bálsamo que nos regenera, apazigua ou diverte.

É este o propósito do meu processo criativo, através da escrita: dissecar a natureza humana e mostrar as nossas contradições, as nossas dissidências e a nossa irracionalidade.
Iniciar conversa
Necessita de ajuda? 🙂
Olá 👋
Em que posso ajudar?
Pássaro Amarelo - Maria Inês Rebelo
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.